A incidência do adenocarcinoma de junção esofagogástrica (AJEG) tem aumentado nas últimas décadas, na mesma proporção em que os estudos sobre opções do tratamento cirúrgico, tratamento multimodal e análise genética destes tumores também cresceram vertiginosamente. Após a sétima classificação da AJCC em 2010, os AJEG receberam um estadiamento próprio, tamanha discussão ao redor do seu tratamento.

A clássica classificação de Siewert ainda norteia o tratamento, mesmo que a nossa realidade de tumores avançados e extensos dificulte a localização exata do epicentro do tumor. Para tanto, com nos tumores tipo 1, a esofagectomia subtotal com gastrectomia proximal e linfadenectomia mediastinal e abdominal é recomendada; nos tipo 3, a gastrectomia total com esofagectomia distal com linfadenectomia abdominal é a opção de escolha.

Em relação aos tumores localizados na transição esofagogástrica (tipo 2) é discutível a opção de gastrectomia total com ampla margem do esôfago distal ou esofagectomia subtotal com gastrectomia proximal respeitando as margens radiais no fundo gástrico, entretanto estudos publicados (como de Yamashita 2017 no periódico Gastric Cancer) sobre o padrão de acometimento linfonodal neste tipo de localização do tumor mostram maior índice de metástase linfonodal nas cadeias do mediastino inferior do que nas cadeias próximas ao piloro, inferindo a necessidade de linfadenectomia torácica frente as cadeias 5 e 6 (ao redor do piloro).

Em relação ao tratamento neoadjuvante do AJEG, a discussão gira em torno do tratamento com quimioterapia peri-operatória com a última publicação do estudo FLOT por Al-batran 2019, entretanto com a preocupação dos pacientes não conseguirem terminar os ciclos pós cirurgia; e o tratamento com quimio-radioterapia aos moldes do estudo CROSS por Hagen 2012 com taxa de ressecção R0 de 93%, entretanto com número de pacientes com linfonodos positivos bem inferior ao estudo FLOT (65% vs 81%, respectivamente). Obviamente, estudos prospectivos como ESOPEC e NeoAEGIS comparando os dois tipos de tratamento poderão responder tais dúvidas. 

Concomitante a tudo isso, o desenvolvimento de marcadores pela imunohistoquimica tem também contribuído para auxiliar o tratamento multimodal, como a expressão Her-2, PDL-1 e instabilidade microssatélite. 

 

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Flávio Roberto Takeda, MD PhD
Possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (2004), residência médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2007-2011), Fellowship pela Keio University (Tokyo, Japão - 2011) e doutorado em Ciência em Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2017). É médico assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Atualmente é Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões - CBC, Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva - CBCD, International Society of Doctors for Environment - ISDE, Society of Surgical Oncology - SSO, Society for Surgery of the Alimentary Tract - SSAT e do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais - GTG.

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